Especial Paraty: A história emocionante de Luís Carlos, o Charles Chaplin de Paraty
Bem-vindos à quinta matéria do nosso “Especial Paraty”, uma série de reportagens exclusivas que revelam os encantos e segredos dessa cidade histórica e culturalmente rica no estado do Rio de Janeiro. Em cada edição, exploramos diferentes aspectos que fazem de Paraty um destino tão especial.
Nesta reportagem, mergulharemos em um dos tesouros artísticos que colorem as ruas de Paraty: o artista de rua Luís Carlos Genuíno Muniz, conhecido por sua interpretação inspiradora de Charles Chaplin. Acompanhe-nos nesta emocionante jornada pela vida desse palhaço que leva alegria e sorrisos aos visitantes e moradores da Rua das Pedras.
Prepare-se para conhecer a história de superação e paixão de Luís Carlos, desde sua infância conturbada até seu papel como motorista de ônibus durante o dia e animador de festas infantis à noite. Descubra como ele encontrou no mundo artístico uma forma de transformar sua própria vida e a vida daqueles que o rodeiam.
Charles Chaplin de Paraty
Paraty, uma cidade com uma rica herança histórica e cultural, também se tornou um ponto de encontro para artistas de rua, que contribuem para tornar o local ainda mais encantador, agradável e vibrante. Durante os finais de semana, alguns desses artistas capturam a atenção dos turistas que visitam o Centro Histórico, especialmente na Rua das Pedras. Entre eles, destaca-se Luís Carlos Genuíno Muniz, um homem de 57 anos que se veste como Charles Chaplin em homenagem ao renomado gênio do cinema internacional.
A história de vida de Luís Carlos é verdadeiramente emocionante. Nascido em 1957, ele veio ao mundo em um barco, quando sua mãe sentiu fortes contrações em um lugar improvável nas proximidades de Angra dos Reis. Desde então, ele sabia que sua jornada na vida não seria fácil. Emocionado, Luís Carlos relata que seu pai era uma figura bastante agressiva em casa, maltratando sua mãe e criando uma atmosfera familiar difícil. Foram tempos de angústia que, incrivelmente, ele buscava transformar em risos. Quando a atmosfera pesava em casa, ele montava um circo improvisado do lado de fora e convidava os vizinhos para assistir aos espetáculos.
“Desde criança, eu era apaixonado por circo, palhaços e tudo o que envolvia esse mundo artístico. Minha vida não foi fácil por causa do meu pai, mas eu sabia que aquela tristeza não poderia prevalecer em minha vida. A alegria do palhaço era uma referência para mim. Hoje, sou muito feliz por ser um artista de rua, por fazer as pessoas sorrirem e por transformar suas vidas em algo bom”, diz Luís Carlos, que, nos finais de semana, se veste de Charles Chaplin, leva consigo uma caixa de som com músicas e distribui sorrisos aos transeuntes na Rua das Pedras. Casado, o artista não depende dessa atividade como fonte de renda, pois durante o dia ele veste seu uniforme de trabalho e dirige um ônibus intermunicipal.
A saga do rodoviário que leva alegria às pessoas – Luís Carlos nasceu na Praia de Araçatiba, em Ilha Grande. Desde então, sua vida se dividiu entre Angra dos Reis e Paraty, duas regiões que são verdadeiras paixões para ele. Foi nesse momento que ele decidiu conciliar seu amor pela arte com uma profissão para ganhar dinheiro. Tornou-se motorista, sustentando sua família, composta por outras três pessoas, sem nunca esquecer seu sonho de se tornar um artista com todo o amor do mundo.
Mesmo prestes a se aposentar, ele acorda cedo todos os dias para dirigir o ônibus da Transportadora Coletur, que faz a rota entre Angra dos Reis e Paraty. São duas horas de viagem de ida e mais duas horas de volta, muitas vezes enfrentando desafios no trajeto. No entanto, o bom humor de Luís Carlos nunca
fica em casa quando ele sai para trabalhar. Ele relata que muitos passageiros brincam com sua alegria, que contagia o ambiente de trabalho. “A vida é para ser vivida. Não podemos permitir que as coisas ruins arruínem nosso dia. Levo minhas palavras, meu sorriso e minha boa vontade para que os passageiros tenham uma viagem tranquila, sem estresse”, comenta ele.
No cotidiano em que a difícil tarefa de conciliar trabalho e alegria se faz presente, Luís Carlos também encontrou espaço para exercer outra vocação: animar festas infantis como o personagem Tio Gotinha, um palhaço que encanta por onde passa. As famílias de Paraty sempre fazem pedidos de seu trabalho, proporcionando uma renda extra muito bem-vinda.
“Fico feliz por as pessoas gostarem do meu trabalho artístico. É maravilhoso levar alegria para as crianças, não importa onde estejam. O mundo precisa de mais harmonia, circos e alegria, e menos guerra e violência”, filosofa o Charles Chaplin da Rua das Pedras, um personagem que acredita que a alegria e a cultura têm o poder de melhorar a sociedade.