Especial Paraty: Comunidade guarani Tekoha Jevy luta pela demarcação de suas terras em Rio Pequeno
Bem-vindos a mais uma reportagem do “Especial Paraty”, uma série de reportagens exclusivas do RJ Post, que nos levará a uma jornada fascinante por essa cidade repleta de encantos e riquezas naturais.
Em meio à exuberância da Mata Atlântica e aos cenários paradisíacos da região, encontramos a comunidade guarani Tekoha Jevy, em Rio Pequeno, que vive uma luta diária pela demarcação de suas terras. Acompanharemos suas histórias, desafios e esperanças, destacando a importância da preservação cultural e ambiental desses povos originários.
Iremos adentrar nas discussões acaloradas que envolvem a questão da demarcação de terras indígenas em Paraty, especialmente com a recente aprovação do projeto de lei do marco temporal.
Prepare-se para embarcar nessa viagem pelo “Especial Paraty” e descobrir as múltiplas facetas dessa cidade que encanta e desafia, onde a beleza natural se encontra com as demandas urgentes do presente. Vamos explorar juntos as histórias, as paisagens e as questões que moldam o futuro de Paraty.
Rio Pequeno
Em uma localidade de difícil acesso em Rio Pequeno, vive a comunidade guarani Tekoha Jevy, que enfrenta uma situação delicada diante das ameaças e da falta de segurança em seu território. Apesar do Ministério Público Federal ter cobrado medidas de proteção para os moradores, eles vivem em constante insegurança.
O RJ Post teve acesso exclusivo a essa região cobiçada, que se tornou um símbolo de uma questão explosiva devido às divergências em relação às terras. A área é cercada por uma natureza exuberante, cortada pela cachoeira de Rio Pequeno, que deságua em um areal na entrada da localidade. Por esses motivos, a disputa ganhou contornos ainda mais dramáticos com a aprovação de um projeto de lei por deputados federais em Brasília.
O Congresso Nacional aprovou, por 324 votos a favor e 131 contra, o requerimento de urgência para o projeto de lei do marco temporal na demarcação de terras indígenas (PL 490/07). O projeto, com o substitutivo do deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), restringe a demarcação de terras indígenas às áreas tradicionalmente ocupadas por esses povos até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.
Para aqueles que convivem com a insegurança constante, principalmente porque suas terras ainda não foram demarcadas pela Funai, a notícia vinda da capital federal é bastante preocupante. Os indígenas que residem na comunidade têm mais um motivo para perder o sono. No entanto, a ameaça iminente ao espaço, que afirmam pertencer aos seus irmãos guaranis, foi anunciada pelo cacique da tribo, Demésio Martinez. Para ele, é necessário acelerar o processo de demarcação o mais rápido possível para encerrar os conflitos na região.
“Não queremos mais viver sob ataques. Desejamos paz, mas vejo a demarcação das terras como a única possibilidade de diálogo, pois assim cada um saberá seus limites”, explicou Demésio, que perdeu um filho há cinco anos em circunstâncias que, segundo o cacique, foram políticas.
Por outro lado, os indígenas guaranis depositam esperança na promessa do Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, de proteger os povos originários da ganância de grileiros e empresários. “Há uma grande esperança de que Lula ajude na demarcação de nossas terras e ponha fim a esse conflito”, concluiu.