Editorial: Conferência municipal em Petrópolis alerta para o cuidado do meio ambiente
Faltando apenas 96 dias para a chegada do verão, a cidade de Petrópolis realizou a sua Conferência Municipal do Meio Ambiente, um evento que trouxe à tona preocupações sobre a estação mais aguardada por muitos, mas que também traz desafios ambientais significativos. Essa preocupação é compartilhada por governos, organizações não governamentais e, acima de tudo, pela população que reside em áreas de risco.
A conferência ocorreu em um momento em que o Rio Grande do Sul enfrentou as terríveis consequências de um ciclone extratropical, desencadeando chuvas que resultaram na perda de 48 vidas e no desaparecimento de nove pessoas. Mais uma vez, a questão ambiental voltou ao foco das atenções, não apenas localmente, mas em todo o mundo, à medida que os impactos das mudanças climáticas se tornam mais evidentes. Temperaturas acima da média global e um inverno atípico no Brasil destacam a urgência dessas discussões.
Os diversos temas discutidos na Conferência Municipal de Meio Ambiente de Petrópolis incluíram a importância da preservação ambiental, a necessidade de educação ambiental, estratégias de prevenção de desastres relacionados a chuvas, a proteção da população e a importância de conter a expansão descontrolada de empreendimentos imobiliários em áreas críticas.
Um exemplo notável foi a preocupação dos moradores de Araras, que lutam contra um empreendimento imobiliário que ameaça desmatar uma parte significativa da mata na região. De acordo com especialistas, o modelo neoliberal frequentemente entra em conflito com os objetivos de preservação ambiental.
Um receio que permeou as discussões foi a lembrança da tragédia que assolou Petrópolis em 15 de fevereiro de 2022, deixando marcas profundas na comunidade local. A pergunta que ecoa é se a cidade enfrentará outro evento climático extremo durante o verão de 2023/2024. O governo local está atento e planeja elevar o nível de alerta à medida que o inverno se despede e a primavera traz consigo a possibilidade de chuvas intensas, aumentando o risco de deslizamentos.
O que se tornou evidente para todos é a emergência ambiental que transcende Petrópolis e se estende a cada um dos cinco mil municípios do Brasil. As cidades precisam estar preparadas para lidar com os danos provocados por desastres naturais, mas também requerem uma transformação profunda e complexa na sociedade em relação à preservação e ao respeito pelo meio ambiente. O desafio é encontrar o equilíbrio entre o desenvolvimento e a conservação da natureza.