Os desafios atuais dos Caiçaras na região de Rio Pequeno em Paraty
Desde a construção da primeira estrada nos anos 50, os caiçaras de Paraty enfrentaram transformações consideráveis. Antes dedicados à pesca, essa comunidade expandiu-se para diversas áreas do município, mantendo mais de 20 comunidades espalhadas por um ambiente paradisíaco. No entanto, como está a situação atual dessa comunidade? O Rjpost foi investigar como vivem as famílias de Rio Pequeno.
Para os caiçaras de Rio Pequeno, além da pesca, a produção de farinha tornou-se uma fonte de renda essencial, divulgando assim sua rica cultura. Na década de 40, recebiam vinténs pelo produto. Cultivavam arroz, feijão, criavam galinhas e promoviam trocas de alimentos entre as comunidades, garantindo uma abundância de mantimentos para todos. A venda da farinha era realizada com a ajuda de burros, através de trilhas sinuosas.
Descendentes de índios, portugueses que chegaram ao Brasil no século 16 e, em alguns casos, de negros escravizados, os caiçaras contribuíram para uma cultura singular persistente em São Paulo e no norte do Paraná. A cultura e culinária caiçara sobrevivem até hoje, com festividades na região. Pratos simples carregam sabores passados de geração em geração. Os doces de aipim e banana são irresistíveis e atraem turistas de diversas partes do mundo.
Apesar de vizinhos de cachoeiras, uma aldeia indígena e pousadas, a vida atual dos caiçaras em Rio Pequeno enfrenta desafios. A incerteza jurídica gerada pela atuação da Funai na justiça é uma preocupação para os moradores. O presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais da Comunidade Tradicional Caiçara do Rio Pequeno, Adão Pacheco, está apreensivo com as possíveis consequências. Os indígenas da aldeia Tekoha buscam mais de dois mil acres de terra, o que pode resultar na desestruturação de diversas residências na área. Pacheco afirma que há documentação que comprova a legitimidade de suas gerações na região.
Paulo César de Carvalho, da quinta geração de caiçaras em Rio Pequeno, orgulha-se do legado de sua família. Desde os sete anos trabalhava na roça e, apesar das dificuldades para frequentar a escola, buscou oportunidades fora da comunidade. Destaca-se a liberação de verbas para investimentos na cultura da farinha e eventos da comunidade aprovados em um concurso. Contudo, destaca o desconforto entre os caiçaras e os indígenas, expressando confiança na justiça para resolver os desafios territoriais em Rio Pequeno.