Desembargador marca julgamento sobre possível cassação do mandato do governador Cláudio Castro

O desembargador eleitoral Peterson Barroso Simão, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), agendou para sexta-feira (17) o caso que pode resultar na cassação do mandato do governador Cláudio Castro (PL).

A Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) no Rio, órgão do Ministério Público Eleitoral (MPE), solicitou a cassação dos diplomas de Castro, do vice-governador Thiago Pampolha (MDB), dos deputados estaduais Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e de outros três deputados, um estadual e dois federais, por abusos de poder político e econômico e por irregularidades em folhas de pagamento de projetos da Fundação Ceperj e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) durante 2022.

O MP Eleitoral apresentou as alegações finais, com o pedido de cassação de Castro, no início deste mês. À época, a defesa de Cláudio Castro negou irregularidades e afirmou, em nota, que o governador encerrou os projetos da Fundação Ceperj após as denúncias e que seu nome não foi mencionado em nenhum depoimento. O governo do Estado não se manifestou quando procurado nesta terça-feira pelo Estadão.

O presidente da Alerj disse à Agência Brasil que “o MP se baseou em matérias jornalísticas e que não foram produzidas provas de que ele cometeu irregularidades”.

Barroso Simão solicitou, nesta terça-feira, 14, a inclusão do caso de Castro na pauta de julgamento da próxima sexta-feira. O governador está cumprindo compromissos de governo em uma agenda em Nova York, nos Estados Unidos.

Segundo o MP Eleitoral, ficou comprovado que os 12 réus do caso usaram a estrutura do Estado em benefício eleitoral nas eleições de 2022. Além da cassação do diploma dos políticos candidatados na eleição passada, a procuradoria pede que Castro e os demais políticos, exceto o vice-governador, sejam condenados à pena de inelegibilidade por oito anos. Segundo o parecer final do órgão, Pampolha “aderiu à chapa majoritária em fase avançada dos projetos a serviço das irregularidades eleitorais”.

A procuradora regional eleitoral Neide Cardoso de Oliveira e o procurador regional eleitoral substituto Flávio Paixão argumentam que há provas robustas, como documentos e depoimentos de testemunhas, para embasar a ação.

“O esquema teve o claro objetivo da utilização da máquina pública estadual, à disposição exclusiva dos investigados, para permitir o escoamento de recursos públicos, dando-lhes aparência de legalidade, mas que, na verdade, foram indevidamente utilizados para promover suas candidaturas e cooptar votos para suas respectivas vitórias nas urnas, atendendo a interesses pessoais escusos e a perpetuação dos referidos políticos nos cargos eletivos do Estado do Rio de Janeiro, sobrepondo-se ao interesse coletivo”, afirmou a Procuradoria nas alegações finais.

“O estratagema, para além de violar as regras basilares da gestão pública, revelou-se, também, um arranjo estruturado para o cometimento das práticas de abuso de poder político e econômico, com inequívoca interferência sobre o processo eleitoral ocorrido, em 2022, que culminou, inclusive, na eleição dos primeiros investigados.”