Rio de Janeiro se prepara para liderar a produção de fertilizantes e petroquímicos no Brasil, aponta Firjan
O estado do Rio de Janeiro, historicamente com baixa participação na produção de fertilizantes, está prestes a assumir um papel de destaque nacional. Investimentos estratégicos, como a construção de uma fábrica de ureia em Macaé, uma planta de amônia verde e hidrogênio verde no Porto do Açu, em São João da Barra, e a instalação do Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas no Parque Tecnológico da UFRJ, prometem transformar o estado em um dos principais polos brasileiros do setor.
Com mais de 58% da oferta nacional de gás natural, principal insumo para a produção de fertilizantes nitrogenados, o estado atraiu investimentos que podem ultrapassar R$ 20 bilhões, gerando mais de 10 mil empregos na construção e 1.300 postos de trabalho na operação das plantas.
De acordo com a publicação “Petroquímica e Fertilizantes no Rio de Janeiro 2024”, lançada pela Firjan, o estado se beneficia de sua relevância na cadeia de petróleo e gás para fomentar novos projetos industriais. Um exemplo é a fábrica de ureia em Macaé, com capacidade de 1,3 milhão de toneladas anuais, atendendo a mais de 10% da demanda nacional. O projeto inclui ainda uma planta de metanol, capaz de produzir 900 mil toneladas anuais, representando 50% do consumo nacional.
Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, destaca a importância da independência na produção de fertilizantes, já que o Brasil importa cerca de 90% do que consome. Essa dependência gerou déficits significativos na balança comercial: US$ 25 bilhões em 2022 e US$ 15 bilhões em 2023.
A cidade de Macaé é o centro desses esforços, com planos de criar uma nova Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) para suportar o crescente consumo de gás natural nas novas fábricas.
Destaque na indústria petroquímica
Além dos avanços no setor de fertilizantes, o estado já lidera o ranking nacional na produção de polipropileno (PP) e expande sua relevância no polietileno (PE). Segundo a Firjan, o Rio de Janeiro está bem posicionado para aumentar a produção de outros polímeros, como poliestireno (PS), PET e PVC, consolidando-se como protagonista nacional.
Contudo, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) alerta para o impacto de altas tarifas de importação de resinas no Brasil, que chegam a 20%, contra uma média mundial de 6,5%.
Impactos na economia e sustentabilidade
O setor de plásticos e reciclagem também mostra potencial. Em 2023, a indústria produziu mais de 7 milhões de toneladas de produtos plásticos e gerou 363,4 mil empregos no Brasil. Além disso, cada tonelada de plástico reciclado cria empregos para 3,16 mil catadores, evidenciando o impacto social e econômico da sustentabilidade industrial.
Com esses avanços, o Rio de Janeiro se posiciona não apenas como um polo industrial, mas como um modelo de inovação e sustentabilidade, capaz de atender à crescente demanda por insumos essenciais no Brasil e no mundo.