Novo estudo redefine diagnóstico da obesidade e alerta para crescimento da doença

Uma pesquisa internacional publicada na renomada revista Lancet propõe mudanças nos critérios de diagnóstico da obesidade, tornando a avaliação mais precisa. Antes baseada exclusivamente no Índice de Massa Corporal (IMC), a classificação agora considera também a circunferência abdominal e outros indicadores metabólicos. A atualização sugere que indivíduos com IMC acima de 25 já podem estar em risco, caso apresentem acúmulo de gordura visceral.

A endocrinologista Gisele Hart Ziehe, da UNIFASE/FMP, explica que a distinção entre obesidade pré-clínica e clínica é essencial. “O IMC isolado não é suficiente. Um atleta pode ter um índice alto devido à massa muscular, enquanto uma pessoa com acúmulo de gordura abdominal pode estar metabolicamente doente”, afirma a especialista.

Com a proximidade do Dia Mundial da Obesidade, em março, os números preocupam. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, 60,3% dos brasileiros adultos estavam acima do peso, e projeções indicam que quase metade da população adulta poderá ser obesa até 2044. A condição está associada a doenças como diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares, tornando fundamental o investimento em prevenção e tratamento.

A nutricionista Fernanda Muniz, coordenadora do Ambulatório de Obesidade da UNIFASE/FMP, destaca que a abordagem deve ser personalizada e multidisciplinar. “Não existe solução única. Mas uma redução de 10% do peso corporal já traz benefícios significativos para a saúde metabólica”, pontua. No Ambulatório Escola, pacientes com IMC acima de 40kg/m² recebem acompanhamento contínuo, reforçando a importância do suporte profissional.

Diante desse cenário, especialistas reforçam que o combate à obesidade exige mudanças no estilo de vida, orientação profissional e políticas públicas eficazes para conter o avanço da doença e promover uma sociedade mais saudável.