Dívidas afetam saúde física, mental e relações sociais, revela pesquisa nacional

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), SPC Brasil e Offerwise trouxe à tona o peso silencioso das dívidas sobre a vida dos brasileiros. Segundo o levantamento, 80% dos inadimplentes relatam impactos negativos na saúde física e mental, como distúrbios no sono e apetite, além do aumento no consumo de álcool e cigarro. A preocupação constante, a ansiedade e o estresse são sentimentos comuns entre os endividados, que também enfrentam queda na produtividade e dificuldades em seus vínculos familiares e sociais.

O estudo revela um ciclo de desgaste emocional desencadeado pela inadimplência: 97% dos entrevistados reconhecem sofrer algum tipo de abalo psicológico, 81% vivem sob tensão permanente, 69% se definem como ansiosos e 60% sentem vergonha da própria situação. A consequência é o isolamento social — mais da metade afirma ter se afastado de atividades em grupo por conta das dívidas.

Além do emocional, o endividamento também altera hábitos de consumo e estilo de vida. Oitenta e um por cento dos inadimplentes disseram ter mudado a forma como vivem, reduzindo ou eliminando gastos. Nesse cenário, especialistas alertam para os riscos de recorrer a soluções rápidas — como empréstimos com juros abusivos ou apostas online — que apenas agravam a instabilidade financeira e psicológica.

Apesar dos dados preocupantes, a pesquisa também aponta uma tendência positiva de conscientização. Muitos consumidores inadimplentes têm adotado práticas de controle financeiro, como cortar despesas não essenciais, evitar parcelamentos e buscar renegociação de dívidas. “Cuidar das finanças é também cuidar da saúde”, afirma Cláudio Mohammad, presidente da CDL Petrópolis, que defende o papel do comércio na educação financeira e na promoção de práticas sustentáveis para o consumo.

O estudo reforça a necessidade de ações estruturadas de orientação financeira, tanto do setor público quanto privado, para conter o avanço da inadimplência e reduzir seus impactos sobre a vida das pessoas.