Uso do nome de terceiros para compras cresce e acende alerta sobre riscos financeiros e pessoais

A dificuldade de acesso ao crédito e os altos índices de inadimplência têm levado muitos brasileiros a recorrer a uma prática arriscada: usar o nome de amigos ou familiares para realizar compras, financiamentos e empréstimos. De acordo com levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), SPC Brasil e Offerwise Pesquisas, 29% dos consumidores admitiram ter feito esse tipo de operação nos últimos 12 meses. Embora aparente ser uma solução rápida, a atitude pode gerar sérios prejuízos financeiros e abalar relações pessoais.

O cartão de crédito lidera como principal instrumento para essas transações, sendo usado em 21% dos casos, seguido por empréstimos, crediários e financiamentos. Na maioria das vezes, os nomes utilizados são de parentes próximos, como cônjuges, irmãos e pais. A justificativa mais comum é a recusa de crédito ou o limite insuficiente no próprio nome, motivada muitas vezes pelo desejo de adquirir bens de consumo imediato — de alimentos e roupas a eletrônicos.

Cidades como Petrópolis também registram essa tendência, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local, que aponta para o risco crescente de endividamento e deterioração dos vínculos familiares. “Quando a inadimplência atinge o nome emprestado, o prejuízo é duplo: financeiro e afetivo. É um comportamento que, embora comum, pode causar danos duradouros”, alerta.

Apesar do risco, a pesquisa mostra que 64% dos entrevistados não emprestariam seu nome, demonstrando uma consciência crescente sobre as consequências. Ainda assim, a prática persiste como reflexo da exclusão do sistema financeiro formal e da falta de orientação sobre crédito e consumo responsável.

Especialistas e entidades do setor varejista recomendam cautela: antes de aceitar ou pedir para usar o nome de outra pessoa, é essencial considerar alternativas seguras e responsáveis. Educação financeira, acesso a linhas de crédito mais inclusivas e incentivo ao consumo consciente são caminhos urgentes para reverter esse cenário. Como ressalta o presidente da CDL de Petrópolis, proteger o nome é proteger o próprio patrimônio — e aprender a dizer “não” pode ser o passo mais importante para preservar as finanças e as relações de confiança.