Macaé: Consciência Negra é tema da programação do Solar dos Mellos

Em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, a Secretaria de Cultura preparou uma programação especial, no Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé, Centro da cidade, com eventos nos dias 21, 23 e 30 quarta.

Contação de histórias, palestras, apresentação de curta-metragem com roda de conversa, exposição e aulas de capoeira são as atrações deste mês.

 

‘Contação de História com tia Rô’ e Café Literário

Estudantes da rede municipal de Educação vão assistir, no pátio do museu, a ‘Contação de História com tia Rô’, em 21 de novembro, a partir das 14h. No dia 23, com início às 18h30, o Café Literário será aberto ao público em geral. Os autores convidados para o evento são os professores Pedro Dorneles e Jorge Luís Rodrigues.

 

“Ao tratarmos da literatura afro-brasileira, nos reunir em um museu que é referência para a cidade de Macaé para refletirmos a questão urgente do racismo e as formas de combate a ele é um ganho social. A literatura tem essa força. A literatura é essa potência”, frisa o professor doutorando em Literatura Comparada e Mestre em Literatura Brasileira e Teoria Literária (UFF/Niterói), Pedro Dorneles, que ministrará a palestra ‘Literatura afro-brasileira: resistências’.

 

O doutor em Memória Social e mestre em Educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Jorge Luís Rodrigues, e um dos autores do livro ‘Educação das relações raciais no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico’, ministrará a palestra ‘Negritude entre pontes: a realidade negra em Macaé’. O seu livro é um esforço para difusão de práticas educativas na temática racial e o documentário que será abordado por ele, ‘Pontes’, tem como professor orientador, Clementino Junior.

 

Curta no Museu

 

No dia 30, às 19h, no projeto Curta no Museu, será exibido, em telão montado no pátio, o documentário experimental ‘Pontes’. Ele é um trabalho realizado na Oficina de Narrativas Pretas do Cineclube e Curso de Extensão (CineGeasur), promovido pelo Grupo de Estudos Ambientais Desde El Sur (GeaSur). A proposta deste grupo é refletir a partir do cinema sobre Direitos Humanos. O projeto foi realizado em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), no Polo Universitário de Macaé, em novembro de 2019. O mediador da roda de conversa sobre o filme será Hélder Santana.

 

‘Pontes’

 

“A ideia é abordar a questão da Negritude em uma perspectiva da prática social e como a identidade racial está presente nas relações e fundamenta o ser e estar no mundo. A divisão espacial está mediada por pontes que entrelaçam, dividem e afastam a população negra, em estruturas de exclusão e desigualdades; econômicas, educacionais, trabalho, renda, lazer, saúde, entre outras”, disse Jorge Luís Rodrigues.

 

Ele completa: “O espaço do Solar dos Mellos, como equipamento cultural do município, traz a oportunidade de discussão de um tema que não está devidamente presente em outros espaços sociais, como o educativo. Isso permite o resgate da presença negra e sua história na construção da cidade, que não é pequena e exige uma recuperação e valorização”.

 

O professor destaca que o documentário ‘Pontes’ parte das pontes físicas que ligam as periferias da cidade, como Barra de Macaé, Nova Holanda e Aroeira, aos bairros centrais, dando acesso à saúde de alta complexidade, à educação de nível superior e ao lazer em shoppings e praias. Segundo ele, elas fazem a mediação das relações sociais e dão acesso à cidadania.

 

Exposição sobre racismo e aulas de capoeira

 

“Temos, no nosso calendário, uma programação voltada para cultura afro-brasileira, que agrega muito aos nossos conhecimentos. Uma das motivações do museu é trabalhar as diversidades. Vamos apresentar a cultura africana na literatura, reconhecendo a importância destes autores para a nossa literatura e para a nossa história. O ‘Curta no Museu’ segue o mesmo tema. E as visitas às exposições incluirão uma sala que aborda o racismo. Além disso, também este mês, o museu volta a oferecer aulas de capoeira”, ressalta a diretora do Solar dos Mellos, Patrícia Barboza.

Foto: João Barreto