Consciência Negra: literatura afro-brasileira é debate no Solar dos Mellos, em Macaé
Literatura afro-brasileira foi tema do projeto Café Literário no Solar dos Mellos. O evento contou com palestras e lançamento dos livros “Educação das Relações Raciais no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico” e “Negritude, Poderes e Heroísmos”, com estudos sobre representações e imaginários nas histórias em quadrinho. A programação faz parte das comemorações em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.
“A minha fala procura ressaltar a reflexão da importância da literatura afro–brasileira como lugar de recuperação da memória e inscrição de caminhos do combate às perversas e diversas facetas do racismo no Brasil. Acredito que a construção literária é mais que alento, é um alerta. Vamos pensar nas relações étnicas e suas fraturas no corpo da nação brasileira, uma pauta urgente na agenda brasileira. Sou professor e minhas incursões na pesquisa e na atuação da sala de aula faz parte de uma perspectiva antirracista, libertaria e decolonial, subvertendo as sequelas deixadas pelos séculos de colonização. Nossos passos vêm de longe, é preciso respeitar”, destacou Pedro Dorneles.
Dorneles é professor de Literatura e de Língua Portuguesa; doutorando em Literatura Comparada e mestre em Literatura Brasileira e Teoria Literária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/Niterói).
A programação também contou com a participação do doutor em Memória Social e mestre em Educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Jorge Luís Rodrigues, e um dos autores do livro ‘Educação das Relações Raciais no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico’.
Na ocasião, Jorge também ministrou a palestra ‘Negritude entre pontes: a realidade negra em Macaé’, além de lançar os livros “Educação das Relações Raciais no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico”, com textos de pesquisas, estudos e relatos de experiências apresentados na Sessão Temática “Educação das Relações Raciais e Ações A
firmativas na Educação Básica, Técnica e Tecnológica”, no III Congresso de Pesquisadoras/es Negras/os da Região Sudeste, evento bianual organizado desde 2015 pela Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os.
Já o livro “Negritude, Poderes e Heroísmos” propõe uma cartografia acerca de políticas de representação e configuração de imaginários, observando práticas de significação e composições estéticas que, ainda hoje, persistem e enclausuram personagens negros e negras. Para tal, os autores reuniram alguns super-heróis e super-heroínas que, entre suas vivências didáticas e perspectivas epistemológicas, entendem a urgência de textualidades que decifrem ou denunciem estereótipos.
“O livro é uma produção coletiva do Observatório Carioca de Histórias em Quadrinhos, que se articula entre propostas didáticas e metodológicas, com pesquisadores de diferentes partes do Brasil. Um dos projetos do Observatório é o África em Quadrinhos, que discute identidade e representação nas histórias em quadrinhos com foco no continente africano e nas relações África-Brasil”, pontuou Jorge Luís.
O Curta no Museu encerra a programação na quarta-feira passada, com a exibição, às 19h, do documentário experimental ‘Pontes’, seguida de roda de conversa mediada pelo produtor cultural, Hélder Santana.