Agro puxa alta do PIB no 1º trimestre, mas Firjan alerta para risco de desaceleração no segundo semestre

A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, puxada sobretudo pela agropecuária, que avançou expressivos 12,2%, segundo dados recentes. O resultado, embora positivo, revela desequilíbrios setoriais: o setor de serviços teve leve alta de 0,3%, enquanto a indústria recuou 0,1%, com destaque negativo para a indústria de transformação, que encolheu 1%.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) avalia que o desempenho frágil da indústria reflete um cenário de expectativas pessimistas persistentes, com o setor acumulando cinco meses seguidos de retração na confiança. A entidade vê com preocupação os sinais de que o crescimento não deve se manter ao longo do ano.

De acordo com o economista-chefe da Firjan, Jonathas Goulart, fatores como juros elevados e inflação ainda acima da meta continuam a restringir o consumo das famílias e os investimentos produtivos. O impacto se concentra especialmente nos serviços mais sensíveis à demanda interna e nas cadeias industriais que dependem de crédito e previsibilidade.

Além dos desafios internos, o cenário internacional também pressiona. O aumento de tarifas protecionistas dos Estados Unidos sobre produtos industriais eleva a insegurança global e prejudica o ambiente de investimentos no Brasil. Internamente, o país lida com instabilidade política, aumento de gastos obrigatórios e risco fiscal crescente, o que pressiona o câmbio, encarece o crédito e afeta diretamente a competitividade da indústria nacional.

Para a Firjan, a superação desses obstáculos exige a implementação de uma política fiscal robusta e crível, com metas claras, controle de despesas públicas e o avanço em reformas estruturais. A federação defende um ambiente com maior previsibilidade e eficiência, como base para uma retomada econômica sustentável e duradoura.