Brasil mira liderança global na produção de combustível sustentável para aviação
O Brasil avança para assumir posição de destaque mundial na produção de combustíveis sustentáveis para aviação, alinhado às metas do marco legal do programa Combustível do Futuro. De acordo com a nota técnica Panorama dos Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF), elaborada pela Firjan, o país precisará produzir cerca de 1,1 bilhão de litros de SAF até 2037 para reduzir em 10% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) nos voos domésticos. A estratégia prevê aumento gradual na produção, começando com a adição de 1,7% de SAF ao querosene, em um movimento que apoia a transição energética do setor aéreo e reforça a diversificação da matriz renovável nacional.
Hoje, existem apenas seis projetos de produção de SAF em andamento no Brasil, mas o potencial de crescimento é significativo. No estado do Rio de Janeiro, iniciativas como o Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí, e a ampliação da refinaria REDUC já têm previsão para iniciar a produção em 2025. Outras regiões também desenvolvem projetos relevantes, como a Zona Franca de Manaus e refinarias na Bahia e em São Paulo. Juntos, esses empreendimentos podem alcançar capacidade anual próxima a 1,1 bilhão de litros, utilizando matérias-primas renováveis como óleos vegetais, soja, milho e fontes alternativas, como a macaúba, ampliando a diversidade da produção nacional.
Especialistas ressaltam que a tradição brasileira em biocombustíveis e a disponibilidade de matérias-primas sustentáveis são diferenciais competitivos para liderar o mercado global de SAF. Para Karine Fragoso, da Firjan, é essencial que o país instale capacidade produtiva até 2027 para atender à demanda crescente e evitar gargalos. Ela cita a experiência do biodiesel como referência: iniciado com obrigatoriedade de 2% em 2008, o produto alcançou mistura de 15% em 2025, mostrando como o setor pode evoluir rapidamente com investimento em tecnologia e infraestrutura.
Além da produção interna, o plano inclui ações como a importação de SAF e a instalação de novas plantas de fabricação, consolidando o Brasil como protagonista na transição energética do setor aéreo.