Campinho da Independência: A comunidade Quilombola rntre as cachoeiras da Mata Atlântica
Apesar do título de quilombo, moradores enfrentam desafios para a autossustentabilidade
A apenas 20 km de Paraty, em meio às exuberantes cachoeiras e à densa vegetação da Mata Atlântica, encontra-se Campinho da Independência, uma comunidade marcada por sua história e cultura quilombola. Foi a primeira a receber o tão almejado título de quilombo, um marco significativo. No entanto, como muitas comunidades indígenas, os moradores de Campinho enfrentam desafios complexos em sua jornada em busca da autossustentabilidade.
Um Olhar sobre a Autossustentabilidade
No século XIX, o antigo Sertão da Independência, reconhecido como quilombo em 1999, sustentava-se por meio da agricultura, da caça e do extrativismo. Isso significava que os habitantes de Campinho da Independência não dependiam de trabalho fora de suas terras para sobreviver.
Hoje em dia, o artesanato desempenha um papel vital na economia da comunidade, embora a agricultura continue sendo uma atividade relevante. A terra é cultivada com mandioca, feijão, cana-de-açúcar, arroz e milho. Nos últimos cinco anos, a maior fonte de renda tem sido o restaurante “Quilombo” e as visitas guiadas. Em 2001, uma casa de artesanato foi construída para exibir as habilidades dos moradores.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade destaca que, para complementar a renda familiar, as mulheres muitas vezes trabalham como empregadas domésticas, enquanto os homens atuam como caseiros em condomínios de alto padrão em Paraty.
A Origem das Terras
O Campinho da Independência surgiu em 1888, quando três ex-escravas notáveis, Antonica, Marcelina e Luiza, receberam uma parcela das terras da fazenda Independência de seu antigo senhor de escravos da Casa Grande. Até o ano de 2006, essa comunidade quilombola era a única no estado a ter seu título de propriedade registrado em cartório.
Ronaldo Santos, o atual secretário nacional de Políticas para Quilombos, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Ciganos, é descendente da quinta geração de Antonica, uma das três mulheres que desempenharam um papel fundamental na história de Campinho da Independência.