Cidades encaram a luta contra racismo e a violência com ações
Em meio ao aumento alarmante de 29% no número de tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro neste ano, as cidades do estado estão adotando medidas incisivas para combater a violência, tanto nas áreas urbanas quanto no interior. Projetos culturais, artísticos e de saúde estão sendo implementados com o objetivo de reverter esse cenário preocupante.
Na cidade de Resende, a Prefeitura está se unindo ao governo estadual para lançar a campanha estadual “Ouviu um não? Respeite a decisão!” durante a 54ª Exapicor, que teve início na última quinta-feira e se estenderá até o dia 8 de outubro. Essa iniciativa tem como foco a proteção das mulheres durante o evento e conta com parcerias importantes, incluindo a Coordenadoria da Mulher, o Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher (NIAM), a Patrulha Maria da Penha Municipal e o Conselho Municipal de Direitos da Mulher. O objetivo central é reduzir a violência de gênero, informar a população sobre os serviços disponíveis e conscientizar sobre a importância do respeito às decisões das mulheres.
No município de Campos, o Programa Saúde na Escola (PSE) está promovendo o projeto “Escola Protetora da Mulher” em parceria com a Guarda Civil Municipal. Nesta segunda-feira, em comemoração ao Dia Internacional da Não-Violência, que coincide com o aniversário de Mahatma Gandhi, uma roda de conversa será realizada no Centro Educacional Municipal do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Açúcar (Cemstiac), envolvendo alunos, professores e a comunidade escolar. Essa ação busca destacar a importância da não-violência e da resistência pacífica.
Na semana passada, a 11ª Festa Literária Internacional de Maricá (FLIM) proporcionou duas rodas de conversa lotadas na Arena Gilberto Gil. O foco desses eventos foi a discussão sobre a ancestralidade dos povos indígenas e afro-brasileiros. Um dos principais debates contou com a participação da renomada escritora e ativista Conceição Evaristo, juntamente com o professor e doutor em linguística Daniel Munduruku, explorando o tema “Vozes que Não Calam: Cultura e Identidades Indígenas e Afro-Brasileiras”. Além disso, seis escritoras negras compartilharam suas experiências sobre preconceito e o ensino da história da negritude nas escolas, sob o tema “Mulheres Negras na Literatura”.
Daniel Munduruku enfatizou a importância de desafiar a narrativa histórica que perpetua o preconceito e declarou: “A narrativa da história criou uma sociedade preconceituosa e nociva, por isso vivemos uma permanente luta de classes no Brasil, em razão desse discurso hegemônico. Enquanto o sistema não educar com foco no gosto pelas coisas do Brasil, isso só vai piorar. É um país que tem vocação para a felicidade, mas que tem uma dívida histórica com o nosso povo.” Ele também elogiou a iniciativa da Mumbuca Literária, que visa promover a compra de livros durante a FLIM.