Colônia Juliano Moreira celebra centenário com exposição que resgata memória e reflexões sobre saúde mental
No último sábado, o antigo complexo psiquiátrico Colônia Juliano Moreira completou 100 anos, marcando um século de histórias que refletem avanços e retrocessos na saúde mental no Brasil. Para celebrar a data, o Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea inaugurou a exposição “100 anos da Colônia Juliano Moreira: arquivos, territórios e imaginários”, que convida o público a mergulhar na trajetória da instituição e a refletir sobre as experiências vividas por seus pacientes.
Fundada em 1924, a Colônia Juliano Moreira foi projetada como um espaço inovador no cuidado psiquiátrico, utilizando métodos como a praxiterapia, que visava a reintegração social dos pacientes. Contudo, ao longo das décadas, o que começou como um modelo de acolhimento tornou-se um local marcado por sofrimento e exclusão, representando um dos capítulos mais difíceis da saúde mental no país.
Luciana Cerqueira, diretora do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, reforça a importância de revisitar essa história. “Mostramos uma colônia que nasceu como tecnologia de cuidado, mas cujo propósito foi subvertido em poucos anos. Essa exposição busca trazer à tona as subjetividades dos que viveram ali, oferecendo uma vivência emocional intensa com relatos de sobreviventes e homenagens a eles”, explicou.
A exposição reúne documentos históricos, produções de artistas contemporâneos e obras do acervo do museu, incluindo criações do renomado Arthur Bispo do Rosário. Suas peças, impregnadas de significados sobre a loucura e a vida, estabelecem um poderoso diálogo entre a memória do manicômio e o presente, estimulando uma reflexão coletiva sobre o impacto social e emocional dessas experiências.
Além disso, a programação inclui atividades culturais como uma roda de samba e o cortejo do Bloco Império Colonial, promovendo um ambiente de celebração e ressignificação.
Um marco para a memória coletiva
Gratuita e aberta ao público, a mostra tem como cenário o Museu Bispo do Rosário, localizado na Estrada Rodrigues Caldas, nº 3400, na Taquara, Jacarepaguá. A exposição não apenas revisita o passado, mas também busca reconstruir narrativas, honrar as vozes dos que passaram pela colônia e destacar a resiliência diante da exclusão.
Através da arte, o evento transforma um espaço historicamente associado à dor em um palco para a conscientização e o acolhimento, reforçando a importância de manter viva a memória como instrumento de transformação social. A exposição “100 anos da Colônia Juliano Moreira” permanece como um convite para refletir, compreender e celebrar a vida e a resistência dos que fizeram parte dessa história.