Crescimento de apostas online impacta vendas no comércio
R$ 6 bilhões são movimentados mensalmente em apostas no Brasil, aponta pesquisa divulgada pela CDL Petrópolis
Em meio a um cenário econômico desafiador, as apostas e jogos online emergem como um fenômeno crescente no Brasil, envolvendo um volume impressionante de aproximadamente R$ 6 bilhões por mês. Um estudo recente, realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Offerwise Pesquisas, revela que mais de 40 milhões de brasileiros participaram de atividades de apostas ou jogos nos últimos 12 meses. No entanto, esse aumento nas apostas acende um alerta para os impactos negativos no comércio e na qualidade de vida das famílias brasileiras.
Cláudio Mohammad, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Petrópolis, expressa preocupação com os riscos associados ao crescimento das apostas online, que têm potencial para se tornar um caso de saúde pública. “Muitas pessoas perdem o controle dos gastos, impactando diretamente o orçamento familiar. Em um cenário de alta inadimplência, a situação se agrava com o crescente número de apostadores”, afirma Mohammad. O estudo revela que quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados em maio de 2024, ou seja, aproximadamente 68 milhões de consumidores enfrentando restrições financeiras.
Os dados da pesquisa mostram que as apostas esportivas são a preferência de 63% dos entrevistados, seguidas por jogos de slot (27%), roletas (26%), caça-níqueis (20%) e pôquer (18%). Em média, os apostadores se aventuram de duas a três vezes por semana (22%), com um gasto médio mensal de R$ 186, subindo para R$ 267 entre as classes A/B. O levantamento também indica que o PIX é o método de pagamento mais utilizado (72%), demonstrando uma tendência à agilidade nas transações.
Uma revelação alarmante do estudo é que 46% dos apostadores admitiram abrir mão de algum consumo para destinar recursos às apostas, sacrificando itens como roupas (18%), internet (17%), passeios em família (16%) e alimentação (16%). Ademais, 15% dos participantes já deixaram de pagar contas essenciais devido aos jogos, enquanto 18% enfrentaram negativação. Atualmente, 10% dos apostadores ainda permanecem com nomes negativados, retratando uma preocupação crescente sobre as consequências do vício em apostas.
“Os jogos online podem ser um lazer para alguns, mas representam um risco financeiro significativo para outros. Tenho observado um aumento de consumidores com dificuldades financeiras em Petrópolis devido a apostas excessivas”, alerta Mohammad. Diante desse cenário, ele enfatiza a necessidade de conscientização sobre os riscos intrínsecos às apostas e a urgência de medidas de proteção ao consumidor.
Além das repercussões financeiras, a pesquisa indica que o tempo médio gasto em sites de apostas é de duas horas por sessão, e 25% dos apostadores admitem gastar mais do que podem. O impacto na vida cotidiana é palpável: 30% dos entrevistados sentiram efeitos negativos, como redução da produtividade no trabalho (11%) e endividamento (11%). Problemas familiares e sinais de vício também surgem como consequências, com 10% enfrentando ausências em responsabilidades familiares e 9% relatando irritação na ausência do jogo.
Por fim, um dado preocupante foi apontado: 68% dos consumidores não percebem ou não admitem os impactos negativos que os jogos e apostas exercem em suas vidas. A necessidade de diálogo e educação sobre responsabilidade financeira nunca foi tão urgente. Em um país onde o comércio já enfrenta adversidades por conta da alta inflação e da instabilidade econômica, o crescimento vertiginoso das apostas online pode representar uma nova e complexa camada de desafios a serem enfrentados pela sociedade.