Febre maculosa vira preocupação para saúde de cidades fluminenses

Às vésperas das férias escolares, a saúde pública do Rio de Janeiro volta sua atenção para campanhas de conscientização sobre os perigos da febre maculosa, uma doença transmitida pelo carrapato-estrela, do gênero Amblyomma sculptum. Com o aumento do número de pessoas que procuram áreas endêmicas durante esse período, o monitoramento da infecção se faz necessário, já que a doença pode ser fatal.

Os locais endêmicos, como rios e lagoas, são habitats naturais para o carrapato-estrela. Muitos municípios do interior do estado possuem essas áreas propícias ao encontro com o carrapato. Por isso, os médicos alertam para a importância de evitar o contato direto com áreas alagadas e com vegetação alta. Caso haja contato, é essencial higienizar o corpo e procurar por carrapatos aderidos à pele.

Uma das cidades que preocupa as autoridades é Campos dos Goytacazes, que se tornou uma área de interesse para o monitoramento da febre maculosa em 2021. Desde então, profissionais da rede pública de saúde têm passado por capacitação para lidar com as consequências dessa grave doença. Segundo o subsecretário da Subpav, o infectologista Rodrigo Carneiro, não houve casos confirmados da doença em Campos este ano, que é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii.

No entanto, em 2022, Campos registrou 58 casos suspeitos de febre maculosa. Desses, nove foram confirmados e 49 descartados. Infelizmente, seis dos nove casos confirmados evoluíram para óbito. No estado como um todo, foram confirmados 12 casos de febre maculosa, com ocorrência de mortes. Em 2021, foram registrados 21 casos e nove mortes, enquanto em 2020 foram 11 casos e duas mortes.

Recentemente, o presidente do Instituto Vital Brazil, Alexandre Chieppe, em entrevista à rádio Bandnews durante a Semana da Saúde de Bangu, na Zona Oeste do Rio, ressaltou a seriedade da questão dos carrapatos. Chieppe, que é infectologista e ex-secretário de Estado de Saúde, foi questionado sobre os dois casos recentes de óbito por febre maculosa em São Paulo. O estado de São Paulo registrou um total de seis óbitos relacionados à doença desde o início do ano, enquanto no Rio de Janeiro foram oito casos, com duas mortes.

Os principais sintomas da febre maculosa incluem febre alta, dores de cabeça intensas, dor muscular e nas articulações, dor abdominal, diarreia, erupção cutânea e alterações na urina, que pode ficar mais concentrada. Esses sintomas geralmente aparecem entre dois e 14 dias após a picada do carrapato infectado. Entre os animais que podem ser hospedeiros da bactéria estão cavalos, capivaras, marsupiais (gambás) e cães que circulam em áreas com infestação de carrapatos-estrela infectados.