Firjan alerta para impacto dos juros altos e tarifas externas sobre recuperação industrial no Brasil
Em análise recente, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) destacou que, embora 68% dos 25 ramos industriais monitorados pelo IBGE tenham registrado crescimento em junho, o setor ainda opera sob um clima de cautela. A principal preocupação apontada pela entidade é a manutenção da taxa de juros em patamar elevado, que segue como um obstáculo significativo para a recuperação da indústria, especialmente para os bens de consumo duráveis, mais dependentes do crédito.
Esses produtos ainda estão 11% abaixo do nível pré-pandemia e 32% abaixo do pico histórico de 2013, o que reforça a avaliação de que a retomada industrial segue incompleta. Em junho, o setor registrou um crescimento modesto de 0,1% na produção, após dois meses de retração — resultado que, embora positivo, não altera o cenário de instabilidade.
A Firjan também chama atenção para o agravamento do contexto internacional, sobretudo com o aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos. A imposição de uma tarifa de 50% sobre uma série de exportações brasileiras, ainda que com isenção para cerca de 700 produtos, representa uma ameaça concreta para cadeias produtivas, empregos e investimentos. Segundo a federação, medidas como essa ampliam os riscos para a indústria nacional e pressionam ainda mais um setor já afetado por condições internas desfavoráveis.
Frente a esse quadro, a Firjan defende ações coordenadas em duas frentes: a diplomática, com uma atuação mais firme para mitigar os impactos das novas barreiras comerciais, e a econômica, com políticas voltadas à valorização do mercado interno, à melhoria do ambiente de negócios e ao avanço do equilíbrio fiscal. A entidade avalia que só com a redução sustentada da taxa de juros será possível criar as condições necessárias para retomar investimentos, elevar a produtividade e fortalecer a competitividade da indústria brasileira no cenário global.