Especial Paraty: Índio Witoto de Manaus encontra em Paraty um novo capítulo de sua história

Descubra a inspiradora história do índio Witoto de Manaus e como Paraty se tornou um novo capítulo emocionante em sua trajetória. A segunda matéria especial do RJ Post revela como essa cidade encantadora abraçou a cultura indígena, proporcionando um lar acolhedor e oportunidades únicas.

Prepare-se para se emocionar com essa incrível jornada de superação e descobertas.

No movimentado centro histórico de Paraty, entre as ruas que atraem centenas de pessoas todos os finais de semana, encontramos vendedores ambulantes em busca de conquistar mentes, corações e, é claro, bolsos dos turistas. Entre eles, destaca-se a presença indígena, que traz à tona a rica arte ancestral dos índios, transmitida ao longo de gerações. E entre esses ambulantes, há um índio com uma história única.

Imagine uma família de quatro pessoas percorrendo mais de quatro mil quilômetros para chegar a Paraty. Pois bem, esse é o caso de Iberi, um índio da tribo Witoto, originária do Amazonas, que decidiu embarcar nessa jornada em busca de uma nova vida no vasto Brasil.

Há exatamente seis anos, com coragem e determinação, Iberi, sua esposa Emma e seus filhos Sativimana e Anne Maira deixaram para trás sua tribo para chegar a Paraty. A oportunidade de oferecer uma vida melhor para sua família foi o combustível para seu sonho, especialmente ao saber que o município abriga o maior número de indígenas no estado do Rio de Janeiro.

Após deixar sua tribo em Manaus, Iberi e sua família viajaram até Rondônia, onde se encontraram com familiares distantes. No entanto, após nove meses, decidiram partir e seguiram para Cuiabá, no Mato Grosso. Porém, a estadia lá foi breve, durando apenas quatro meses. As diferenças culturais e a falta de perspectiva os impulsionaram a seguir um pouco mais longe, chegando a Minas Gerais e estabelecendo-se na histórica Ouro Preto.

Após dois anos e meio nessa cidade, índios que conheciam o Rio de Janeiro sugeriram à família que se mudassem para Paraty. Assim, há dois anos e meio aqui, Iberi teve a oportunidade de refletir sobre sua vida na estrada, convivendo com diferentes tribos indígenas ao longo de sua jornada.

Apesar de afirmar que gosta de morar em Paraty, Iberi reconhece que sua busca por estabilidade ainda não foi completamente realizada. Enfrentando desafios relacionados à sua principal fonte de sustento, o artesanato indígena, ele investiu tempo e energia na criação de produtos que agradassem tanto turistas quanto os moradores locais, combinando suas habilidades com a contribuição dos ensinamentos de sua esposa, criada na tribo Tikuna.

“Conseguimos viver bem aqui em Paraty”, afirma Iberi, que oferece uma ampla variedade de artesanatos, desde anéis de coco até brincos que refletem suas raízes guanis em Manaus. Ele também menciona ter rejeitado convites para morar em aldeias, pois deseja que sua família possa se emancipar dos costumes antigos e construir uma vida independente na cidade. Seus dois filhos estão matriculados em uma escola pública local, e eles residem nas proximidades do Centro Histórico. No entanto, nem tudo são flores. Iberi relata constantes desentendimentos com hippies, com quem divide o espaço de venda de seus produtos no Centro Histórico.

“Os hippies não têm autorização para trabalhar com venda de artesanato aqui no Centro Histórico, pelo menos a maioria deles. Eles criam problemas conosco, mas esquecem que eu tenho permissão para trabalhar aqui”, enfatiza ele, demonstrando calma diante da situação explosiva. Em algumas ocasiões, foi necessária a intervenção da segurança pública para disciplinar a atividade dos ambulantes no entorno e dentro do Centro Histórico.

Apesar das dificuldades enfrentadas, a saudade de sua tribo original não chega nem perto de ser o maior desafio. Segundo Iberi, a vontade de retornar à capital do Amazonas e se reunir com seus parentes é enorme. No entanto, ele reconhece que, por enquanto, esse retorno não é viável devido ao alto custo da viagem.

Iberi é um exemplo vivo da coragem e determinação das pessoas em busca de uma vida melhor. Sua história nos mostra como a diversidade cultural e a busca por oportunidades podem nos levar a lugares inesperados, onde enfrentamos desafios, mas também encontramos forças para construir um futuro mais promissor. Em Paraty, Iberi continua sua jornada, trazendo consigo as tradições e a arte de seu povo, enriquecendo a cidade com sua presença.

Não perca nossa próxima matéria do Especial Paraty. Até lá.

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