Índios Coroados: a história pouco conhecida por trás dos nomes de bairros em Petrópolis

A cidade de Petrópolis, conhecida como Cidade Imperial, foi fundada em 1843 por decreto do imperador Dom Pedro. Ao longo dos anos, a cidade viveu diferentes momentos históricos, inclusive sendo a capital do império brasileiro. Embora tenha sido destaque na mídia há dois anos devido às fortes chuvas que causaram a morte de mais de 200 pessoas, existem fatos relevantes sobre a cidade que poucos conhecem, como sua história indígena e a inspiração para os nomes de seus bairros.

Entre as tribos que habitavam o Rio de Janeiro, os Coroados eram uma das mais poderosas e influentes. Embora mais concentrados na região conhecida como Sertão do Carangola, eles deixaram sua marca na cidade. Os colonizadores usaram os nomes que os Coroados deram aos rios e morros que cercavam suas aldeias para nomear as localidades da cidade.

Mas por que os índios eram chamados de “Coroados”? De acordo com o historiador Frederico Haack, em seu blog, pesquisadores, como o naturalista Augusto Saint Hilaire, descrevem os Coroados como muito feios, baixos, de cabeça grande e chata, de ombros largos, cabelos negros e longos, e pele escura. Eles andavam nus e usavam urucum em suas pinturas, viviam em cabanas de madeira cobertas com folhas de palmeira ou bambu, e dormiam em redes. Eles usavam arco e flecha, utensílios de pedra, pratos e tigelas feitos de cabaças e folhas trançadas.

Graças à inspiração dos Coroados, Petrópolis, que hoje é dividida em cinco distritos e tem mais de 40 bairros, ganhou nomes famosos no turismo brasileiro. Por exemplo, a região de Itaipava é conhecida como “Búzios da Serra” e é um ponto de encontro de celebridades de todos os níveis. A região recebeu esse nome inspirado nos índios Coroados, que significa “elevação da pedra”. O principal rio que corta vários bairros chama-se Piabanha, que significa “peixe machado” na língua indígena predominante na época.

Outras localidades de Petrópolis também receberam nomes indígenas, como Itamaraty (pedra que brilha), Araras (ave colorida), Carangola (água que corrói), Inhomirim (campo pequeno), Taquara (caniço furado) e Samambaia (broto enrolado). A Pedra do Açu, onde centenas de montanhistas vão anualmente, significa “grande”.

Infelizmente, os Coroados foram dizimados com o crescimento da colonização, assim como ocorreu com muitas outras tribos indígenas no Brasil. Os índios que sobraram após sangrentas batalhas passaram a perambular entre o rio Preto e o Paraíba, atacando as famílias que residiam no Tinguá, Paty do Alferes e outros povoados ao longo do Caminho Novo.