Movimento Petrópolis 2030 busca soluções para o esvaziamento econômico da cidade
O movimento empresarial Petrópolis 2030 está atento à divulgação dos dados do Censo 2022 pelo IBGE, a fim de propor medidas que possam mitigar as causas do esvaziamento econômico da cidade, relacionadas diretamente à redução da população ao longo de pouco mais de uma década. Enquanto o país apresentou um aumento de 10% na geração de empregos com carteira assinada, Petrópolis registrou uma diminuição de 6% na oferta de emprego.
Essa redução de empregos formais se soma aos prejuízos materiais e às perdas de vidas nas tragédias decorrentes das chuvas ocorridas em 2011, 2013 e 2022, que podem ser fatores cruciais para o encolhimento da cidade. Segundo os dados recém-divulgados pelo Censo 2022, Petrópolis perdeu 17.036 habitantes em 12 anos, totalizando atualmente uma população de 278.881 pessoas.
“A análise é importante para embasar as propostas que o Petrópolis 2030 pode apresentar, focadas exclusivamente na retomada do desenvolvimento econômico da cidade. Fica evidente que as tragédias climáticas e a falta de emprego são fatores primordiais para a redução da população”, afirma Claudio Mohammad, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis, uma das 25 entidades que compõem o movimento empresarial.
Para o empresário, a redução da população em 5,75% caminha lado a lado com a diminuição na oferta de emprego, que registrou uma queda de 6%, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “Os números estão praticamente empatados, e o êxodo está relacionado à redução de oportunidades de trabalho, embora muitos tenham optado por se tornarem microempreendedores individuais. A falta de oportunidades afasta as pessoas e as empresas, e aquelas que permanecem enfrentam dificuldades para expandir”, considera o presidente da CDL.
Os dados iniciais divulgados pelo IBGE não revelam o empobrecimento da população, outro fator que contribui para o êxodo populacional. Além da redução de empregos, que força a saída das pessoas da cidade, Petrópolis enfrenta o desafio de famílias com rendimentos cada vez menores. “Aluguéis altos, por exemplo, aumentam o custo de vida, fazendo com que menos dinheiro circule, pois as pessoas precisam investir na segurança de moradia. Por outro lado, a economia fica estagnada, dependendo do movimento de turistas, veranistas ou residentes de fim de semana, que gastam mais”, analisa Cláudio Mohammad.
Há mais de duas décadas, Petrópolis já sofria com o esvaziamento econômico, e sua economia está centrada em serviços, tecnologia, comércio e turismo, com menos ênfase na indústria. Após a pandemia, que aumentou a taxa de mortalidade e reduziu a taxa de natalidade, a cidade enfrentou no ano passado as consequências das tragédias causadas pelas chuvas em fevereiro e março, resultando em 242 mortes e prejuízos para centenas de negócios.
De acordo com a Junta Comercial do Rio de Janeiro (Jucerja), em 2022, 505 estabelecimentos comerciais fecharam em Petrópolis, enquanto 413 lojas foram abertas, resultando em um saldo negativo de 92 comércios. Considerando a abertura de microempreendimentos individuais, o saldo deste ano, em comparação com janeiro a maio de 2022, é 43% menor.
Atualmente, Petrópolis possui 70 mil empregos com carteira assinada e mais 30 mil em microempreendedores, totalizando uma população economicamente ativa de 100 mil pessoas. O restante da população depende do sustento desses indivíduos economicamente ativos. Em outros países, o índice de pessoas produtivas chega a 75%.
A redução da população na cidade pode ser atribuída a dois movimentos claros: enquanto cariocas buscam Petrópolis para estabelecer residência, mantendo seus empregos no Rio de Janeiro, seja de forma presencial ou em regime de home office, Petrópolis “exporta” trabalhadores que se estabelecem em outras cidades e estados por não encontrarem oportunidades de trabalho localmente.
“Propomos um estudo aprofundado do Censo 2022 em todos os seus aspectos, a fim de mapear ações, programas e obras que possam reverter o quadro de esvaziamento econômico e empobrecimento da população. A meta é unir os setores econômicos e a sociedade civil organizada, independentemente de questões políticas e partidárias, caminhando na mesma direção”, adianta Cláudio Mohammad.