Perícia conclui que incêndio em garagem de ônibus em Petrópolis foi intencional

A perícia contratada pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes revelou que há indícios de que o incêndio que destruiu 74 ônibus das empresas Petro Ita e Cascatinha, no dia 9 de maio, foi intencional. O laudo elaborado pelo perito Alexandre Luís Belchior dos Santos, contratado para auxiliar nas ações administrativas da companhia, aponta que existem indícios de uma ação pessoal direta caracterizada como incêndio intencional.

O documento também menciona como “causas concorrentes do evento” a elevada carga do incêndio, a proximidade entre os ônibus e a obstrução da rampa de acesso à área superior. A prefeitura de Petrópolis encaminhou o laudo para diversas instituições, incluindo o Ministério Público, Secretaria Nacional de Justiça, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Polícia Civil, Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Câmara Municipal, Sindicato dos Rodoviários de Petrópolis, Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro), Corpo de Bombeiros e a 105ª Delegacia Policial.

Diante da situação, a prefeitura convocou uma reunião extraordinária do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran) para a próxima terça-feira. Além disso, solicitou à Polícia Civil que acompanhe o inquérito policial que investiga as causas do incêndio.

As empresas Petro Ita e Cascatinha enfrentam dificuldades financeiras, conforme apontado pelo site de consultas da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. A Cascatinha possui uma dívida de R$ 59,156 milhões, enquanto a Petro Ita acumula uma dívida de R$ 111,557 milhões. A crise afeta até mesmo os funcionários, que confirmaram atrasos nos salários. Até o momento, não foi possível contatar as empresas para mais esclarecimentos.

Cabe ressaltar que em março deste ano, uma operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público investigou uma suposta fraude na licitação dos transportes da cidade. A Cascatinha teria perdido algumas linhas de ônibus para a empresa Cidade das Hortênsias. A operação incluiu mandados de busca e apreensão na residência do prefeito Rubens Bomtempo, de outras quatro pessoas e na sede de três empresas.

A investigação teve início a partir de outro inquérito da 105ª DP de Petrópolis sobre um possível esquema de corrupção, dispensa irregular de licitação e desvio de recursos na Companhia Petropolitana de Trânsito (CPTrans), que teria surgido após a tragédia das chuvas em Petrópolis, que resultou em mais de 200 mortes em fevereiro de 2022.

As empresas afetadas pelo incêndio são responsáveis por 40% das linhas de ônibus da Cidade Imperial, de acordo com informações da prefeitura de Petrópolis.