Petrópolis reestrutura e moderniza Defesa Civil, que conta com mais investimento em prevenção

Plano de Contingência instituiu Protocolo de Inundação, com cancelas eletrônicas e sirenes no Centro

Uma nova Defesa Civil, com mais equipamentos, viaturas, orçamento e estrutura para trabalhar. Um Plano de Contingência que tem medidas concretas para elevar o patamar de resiliência da cidade de Petrópolis.

Diálogo permanente com as comunidades que amplia e reverbera a comunicação de alarme e alerta. Estes foram alguns dos eixos de atuação da Prefeitura de Petrópolis para preparar o município para fortes chuvas. O contexto de mudanças climáticas, que pôde ser visto nas catástrofes de 2022, exigiu uma série de novas medidas, que geraram uma nova camada de proteção. Entenda as principais ações.

A Secretaria de Proteção e Defesa Civil chega a 2023 com um orçamento 2.208% maior: para orçamento de 2022, feito pela gestão anterior (o atual governo só tomou posse em dezembro de 2021), R$ 217 mil foram destinados à área; agora, são mais de R$ 5 milhões.

Com mais recursos, foi feito um novo Plano de Contingência para o verão. Ele inclui ações como a instalação de cancelas eletrônicas em três pontos do corredor do Rio Quitandinha com maior incidência de alagamentos; sirenes neste corredor e no Centro Histórico; e a instalação de ilhas de segurança, que alertam o cidadão sobre áreas seguras em caso de inundações.

Este protocolo já foi acionado e funciona com várias frentes. As cancelas eletrônicas, por exemplo, foram instaladas em três pontos do corredor do Rio Quitandinha: Ponte Fones (largo que liga a Olavo Bilac e a Avenida General Rondon à Rua Coronel Veiga); cruzamento das Duas Pontes e na Rua Rocha Cardoso (na altura da UPA Centro, rua que dá acesso à Washington Luiz nos sentidos Quitandinha e Rua do Imperador).

Elas são acionadas automaticamente, por meio do Centro Integrado de Monitoramento e Operações de Petrópolis (Cimop), a partir dos índices pluviométricos registrados pela Defesa Civil. Antes, o fechamento da via era feito de forma manual apenas a partir do nível do rio. Ou seja: os técnicos percebiam que o rio iria encher e um agente de trânsito fechava a rua. Agora, há parâmetros, com um estudo no qual, a partir de um determinado índice pluviométrico, é detectado o risco de inundação. A partir daí, a via é fechada, para garantir a segurança dos usuários.

O mesmo funciona com as sirenes instaladas no corredor do Rio Quitandinha e no Centro: elas alertam aos motoristas e pedestres que há risco de inundação no trecho.

“É importante observar que essas sirenes são diferentes das que estão instaladas em áreas de risco. Os parâmetros para risco de deslizamento são diferentes dos parâmetros para transbordamento dos rios. É uma ação preventiva que tem como objetivo, também, alertar os comerciantes, para que eles possam retirar os produtos das partes mais baixas”, informa o secretário de Proteção e Defesa Civil, Gil Kempers.

“É um trabalho que contou com o apoio de muitas pessoas ao longo do tempo. Hoje, temos uma Defesa Civil profissionalizada, e, com a retomada dos investimentos, vamos garantir maior resiliência”, diz o prefeito Rubens Bomtempo. Petrópolis já é referência nacional em mitigação e prevenção de riscos, conforme destacou equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) na The Scientist, uma das publicações sobre ciência mais respeitadas em todo o mundo.

“Houve avanços significativos no Brasil entre 2011 e 2022. Por exemplo, em 2011, em toda a região afetada pelo evento extremo, havia apenas três pluviômetros automáticos. A rede de observação, só em Petrópolis em 2022, conta com mais de 40 pluviômetros. Em 2011, não havia nenhum protocolo entre as instituições que pudesse estar relacionado aos processos que desencadearam o desastre. Em 2022, existe um sistema coordenado. As instituições de preparação e resposta foram incipientes em 2011, mas em 2022 existem estruturas robustas. A defesa civil do município de Petrópolis é uma das melhores estruturas do país”, diz o artigo.

Um trabalho consolidado em 2013, quando o prefeito Rubens Bomtempo transformou a coordenadoria de Defesa Civil em secretaria.

“Estamos realizando as obras de contenção no Morro da Oficina e no Vila Felipe; e vamos assumir as obras do Governo do Estado. Mas, além das obras, é preciso ter uma série de ações de resiliência. Uma chuva de 230 milímetros em um período de apenas três horas é uma catástrofe climática, cidade nenhuma está 100% preparada para isso. Por isso, investir na mitigação dos riscos é importante”, diz Bomtempo.

 

Comunicação direta com as comunidades

 

Essas as ações não estão restritas ao Centro da cidade: a Defesa Civil estreitou os laços com as comunidades. A reativação e ampliação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudecs) praticamente dobrou o atendimento: em 2021, eram apenas 13 ativos, e agora já são 25, atendendo a 77 comunidades. Os voluntários dos Nudecs recebem treinamento e se comunicam sobre os alertas de chuvas, replicando as informações nas regiões.

Outra ação neste sentido foi o mapeamento participativo: as próprias comunidades, com o auxílio de técnicos da Defesa Civil, ajudam a identificar rotas de fuga e pontos seguros. “Ouvir os moradores, que estão no território, é fundamental para definirmos as nossas ações. Quem vive é quem conhece a região, conhece cada canto”, reforça o secretário de Defesa Civil.

Outra medida do governo municipal é a ampliação da divulgação do número de SMS 40199. O cidadão que digita seu CEP para este número recebe os alertas de chuva da Defesa Civil. Equipes foram às comunidades e bairros para mostrar o serviço e cadastrar a população. E, além disso, Petrópolis faz parte de um projeto piloto da Secretaria Nacional de Defesa Civil. A cidade é uma das únicas do país na qual os alertas são recebidos pelo “flash SMS” – quando toda a tela do celular é bloqueada e a única coisa que o usuário vê é o alerta, ampliando a proteção.

A participação popular também se dá em outra frente: a criação do Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil, que debate e delibera sobre políticas públicas para a área. O Conselho é paritário – ou seja, tem o mesmo número de integrantes do governo municipal e da sociedade – e vai definir o uso do Fundo Municipal de Proteção e Defesa Civil, outro instrumento criado pela atual gestão para ampliar os investimentos em prevenção e mitigação de riscos.

 

Foto: divulgação