Especial Paraty: Na tranquilidade de Paraty Mirim, uma tribo Guarani vive em relativa paz com a natureza
Bem-vindos a Paraty, um destino encantador que vai além das belezas naturais e da arquitetura colonial. Nesta série de reportagens especias, o RJ Post mergulhamou nas histórias e tradições que ecoam pelos encantadores recantos desse lugar. E, entre tantas riquezas, uma localidade se destaca: Paraty Mirim.
Situada às margens da BR-101, Paraty Mirim é um refúgio cultural e natural que nos transporta para um passado remoto, onde a conexão com a natureza e as tradições ancestrais se mantêm vivas. É lá que encontramos a Aldeia Itaxim Guarani M’Biá, lar de uma comunidade numerosa que preserva seus costumes e vive em harmonia com o ambiente ao seu redor.
Nesta reportagem especial, convidamos você a adentrar nesse cenário único e desvendar os segredos guardados pelas terras demarcadas pelo Governo Federal. Conheceremos o cacique Icaraí Pedro e sua trajetória de lutas para proteger a região contra os olhares gananciosos. Vamos explorar o estilo de vida dos guaranis, que se sustentam da pesca e do cultivo de vegetais, como fizeram seus antepassados.
Acompanhe-nos nessa viagem pelos encantos de Paraty Mirim e deixe-se envolver pela magia desse lugar, onde a natureza exuberante e as tradições milenares se entrelaçam em uma harmonia encantadora.
Paraty Mirim
Para aqueles que buscam aventura e lugares tranquilos ao visitar Paraty, enfrentar a estrada BR-101 leva a Paraty Mirim, uma localidade cercada pela natureza e habitada por moradores ilustres que vivem de forma relativamente semelhante a seus antepassados. A Aldeia Itaxim Guarani M’Biá é um verdadeiro refúgio de paz para uma comunidade numerosa, que subsiste principalmente da pesca e do cultivo de vegetais na região.
A terra que abriga a aldeia é demarcada pelo Governo Federal, e a história do cacique Icaraí Pedro, de 56 anos, se entrelaça com o local bucólico desde a década de 90, quando ele decidiu adotá-lo como lar. Seus antepassados já viviam na região há muito tempo, sem precisar especificar a data. No entanto, a jornada de Pedro foi marcada por desafios e lutas. Como a área é cercada pela natureza exuberante, olhares gananciosos de grileiros e empresários se voltaram para a região indígena. Apesar do reconhecimento da terra, o assédio ainda persiste, embora esse povo pacífico não viva em completa harmonia.
Pedro afirma que a vida na aldeia reflete, em grande parte, o estilo de vida de seus antepassados. Eles subsistem principalmente dos alimentos que produzem, como batata-doce, milho, mandioca e cana-de-açúcar, que são consumidos pelas 180 pessoas que habitam o local. “Assim como nossos ancestrais, produzimos grande parte do que comemos. Alguns itens são necessários do Centro (Centro de Paraty) e complementamos no dia a dia. Amamos a natureza e todos adoram morar aqui”, conta o cacique.
A Aldeia Itaxim é muito mais do que uma residência para centenas de índios guaranis. É um importante centro cultural indígena, que abriga uma biblioteca com centenas de livros relacionados à cultura indígena. Ali, há um computador com acesso à internet disponível para os indígenas. O responsável pelo local é o vice-cacique Rodrigo Gabriel da Silva, que coordena o trabalho de incentivar as crianças da aldeia a lerem. “Aqui, as crianças podem complementar seus estudos”, lembra Gabriel. Um posto médico, hortas, cabanas com exibições de artesanato e uma escola fazem parte da estrutura que torna a aldeia um importante centro cultural.
Como parte de uma das três linhagens dos índios guaranis, os Mbyas, como são conhecidos, possuem uma ampla área com casas tradicionais feitas de pau-a-pique e cobertas com folhas de guaricanga (uma espécie de palmeira) ou sapé. Assim como em muitas tribos, os moradores só podem se casar com pessoas de sua própria comunidade, pois, de acordo com a tradição, aqueles que se relacionam com pessoas fora da comunidade não podem mais viver lá, apenas podem visitar e participar dos rituais culturais e religiosos. É uma tribo fascinante que reflete, em grande parte, um Brasil que existia muito antes de Cabral “descobrir” o Brasil!