Equipe de enfermagem do CTO recebe treinamento para uso de touca inglesa em pacientes

Equipamento age para combater um dos principais efeitos colaterais da quimioterapia: a queda de cabelo. Tecnologia será utilizada mediante indicação do oncologista que acompanha o paciente

A equipe de enfermagem do Centro de Terapia Oncológica (CTO) de Petrópolis recebeu nesta quinta-feira um treinamento para o uso da touca inglesa Paxman em pacientes em tratamento contra o câncer. O equipamento age para combater um dos principais efeitos colaterais da quimioterapia, que é a queda de cabelo.

A tecnologia está presente nos principais centros de referência de tratamento de câncer nos Estados Unidos e Europa, como o hospital universitário do Texas – MD Anderson Cancer Center ou Johns Hopkins Hospital, que estão entre os cinco melhores do mundo.

“Estamos recebendo a touca inglesa e felizes de passarmos a contar com essa tecnologia que já vem sendo usada em outros países e também municípios e estados brasileiros. Sabemos que a queda de cabelo é uma preocupação dos pacientes que passam pela quimioterapia e agora vamos ter esse equipamento em Petrópolis”, diz Carla Ismael, Oncologista do CTO, acrescentando que a indicação para o uso da touca será feita pelo médico que acompanha o paciente.

De acordo com Rafael Prado, gerente de negócios da empresa Paxman, enfrentar o tratamento é um grande desafio e que pode ser ainda mais difícil quando pacientes apresentam quadros de baixa autoestima e depressão. “Estudos revelam que a queda de cabelo é um dos efeitos colaterais mais traumatizantes da quimioterapia e causa danos que vão muito além do aspecto visual. As consequências são graves e até podem incidir na desistência do tratamento”, explica.

O sistema, criado no Reino Unido pela empresa Paxman, é o único no Brasil com certificação da FDA (agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA) e registrado na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Como funciona

Conectada a uma unidade de refrigeração, a touca é colocada na cabeça do paciente cerca de 30 minutos antes e mantida em torno de uma hora e meia após a infusão da medicação, dependendo do protocolo adotado.

O sistema resfria o couro cabeludo a uma temperatura em torno de 20°C. Com isso, diminui o fluxo sanguíneo nos folículos capilares e reduz a absorção dos fármacos na região.

No Brasil, desde 2013, já foram realizadas mais de 200 mil sessões nos principais centros de referência e hospitais de 15 estados brasileiros, além do Distrito Federal.

A tecnologia de resfriamento do couro cabeludo vem sendo desenvolvida há décadas, e curiosamente já utilizou até mesmo melancias na cabeça de pacientes, nos primórdios dos estudos.

Ao longo de mais de 20 anos de pesquisas com a Touca Inglesa, pacientes relataram a diminuição da alopecia a ponto de dispensar o uso de lenço ou peruca. A taxa de sucesso depende do tipo de medicação administrada, 50% para as mais fortes e até 92% nas menos agressivas e a sensação de frio foi tolerada por 98% dos pacientes.

A terapia não é indicada para os tipos de câncer hematológicos ou para alguma alergia ao frio. Recentemente, a FDA, que já certifica o uso da Touca Inglesa para pacientes de mama, expandiu a utilização para outros tipos de tumores sólidos.

Além da estética  

Estudos revelam que a queda de cabelo é um dos efeitos colaterais mais traumatizantes da quimioterapia e causa danos que vão muito além do aspecto visual. As consequências são graves e até podem incidir na desistência do tratamento.

Uma importante novidade foi divulgada pela National Comprehensive Cancer Network – NCCN, com impacto direto para pacientes oncológicos: o uso da crioterapia capilar, por meio da Touca Inglesa, agora faz parte das Diretrizes de Prática Clínica em Oncologia da NCCN para pacientes que vão iniciar o tratamento para câncer de mama, ovário, peritoneal e trompa de falópio. A novidade reforça a importância e consequências da possibilidade de manutenção dos cabelos durante a quimioterapia.

Foto: divulgação