Especial Paraty: descubra a Aldeia Pataxó Hã-hã-hãe e sua riqueza cultural

A nova reportagem do especial dedicada a Paraty, o RJ Post embarcou em uma jornada fascinante pela aldeia dos Pataxó Hã-hã-hãe, explorando sua história, suas tradições e seu impacto na vida cotidiana do município da Costa Verde. Descobriremos como os Pataxó, originários da distante Porto Seguro, sul da Bahia, trilharam um caminho repleto de desafios até encontrarem seu lar em Paraty, onde finalmente obtiveram o direito sobre a terra que agora chamam de sua.

Ao adentrar a aldeia, fomos recebidos calorosamente pela comunidade, que compartilhou conosco a origem e o cotidiano dos Pataxó, mergulhando-nos em uma cultura ancestral repleta de significado. Tivemos a oportunidade de testemunhar o Awê, um ritual tradicional que nos conectou com os costumes e a espiritualidade do grupo indígena, acompanhado pelo aroma envolvente do caium, uma bebida especial que marca as celebrações.

Embarque conosco nesta jornada singular através do “Especial Paraty” e descubra a riqueza cultural da aldeia dos Pataxó Hã-hã-hãe, um tesouro escondido que nos convida a mergulhar em um universo indígena repleto de saberes ancestrais e belezas naturais.

A tribo

Em meio às deslumbrantes paisagens naturais, ricas em história e cultura, de Paraty, encontra-se a aldeia dos Pataxó Hã-hã-hãe, um verdadeiro centro de atração para aqueles que desejam conhecer de perto o modo de vida desse povo originário. Localizada às margens da rodovia BR-101, a aldeia recebe semanalmente dezenas de turistas brasileiros e estrangeiros, encantados com a cultura indígena da região. Imersa em uma paisagem de beleza fenomenal, a tribo dos Pataxó Hã-hã-hãe faz parte intrínseca da vida no município da Costa Verde.

A história desse povo não teve início na aldeia, mas a 1.332 quilômetros de distância, na cidade de Porto Seguro, sul da Bahia. Ao longo de muitos anos, os índios Pataxó lutaram para alcançar a segurança e o direito sobre a terra que hoje chamam de lar em Paraty, disputando-a com os Tupinambás. No final da década de 80, finalmente conquistaram a titularidade dessa terra, que abriga três cachoeiras, uma mata com uma ampla variedade de plantas, frutas e animais diversos.

Atualmente, a comunidade indígena vive em integração com a sociedade local, contribuindo inclusive para o turismo cultural da região. Semanalmente, pelo menos dois ou três ônibus fazem uma parada na aldeia, onde os visitantes são calorosamente recebidos pela população local. Ali, são compartilhadas histórias sobre a origem e o cotidiano dos Pataxó. O turismo tornou-se uma importante fonte de renda para a comunidade, que monta pequenas barracas de artesanato para venda, auxiliando no custeio de materiais e outras despesas dos 64 moradores da região.

Uma das experiências oferecidas aos visitantes é adentrar o interior da aldeia e conhecer o Awê, um ritual tradicional do grupo indígena, caracterizado por coreografias específicas. E é claro que o caium, uma bebida alcoólica produzida a partir de raízes e tubérculos, não pode faltar! Neste sábado, por exemplo, está previsto um ritual fechado com o consumo da planta Ayahuasca, uma prática transitória entre os índios para cerimônias religiosas.

Ao chegar à aldeia, os visitantes logo percebem que os Pataxó falam português, porém, utilizam um pequeno vocabulário resgatado de sua língua nativa, pertencente à família linguística maxakali. Esse conjunto de famílias linguísticas diferentes constitui um tronco linguístico conhecido como Macro-Jê. Para os Pataxó, resgatar seu idioma é também uma forma de preservar a memória de seu povo. Assim, mesmo estando plenamente integrados à rotina de Paraty, eles lutam para manter viva a chama de sua identidade.

Apohinã Pataxó, vice-cacique e liderança da aldeia, reconhece que a beleza de suas terras desperta a cobiça de alguns, mas afirma estar tranquilo em relação a invasões de grileiros ou pessoas que tentam reivindicar a propriedade dessas terras.

“Vivemos em paz aqui e temos provas de que essas terras são nossas. Preocupamo-nos mais com nossas vidas neste local sagrado do que com aqueles que tentam nos expulsar. Recebemos todos de braços abertos e ficamos felizes quando as pessoas demonstram interesse por nossa história. Por isso, temos muitas visitas por aqui”, conclui Apohinã.